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terça-feira, 4 de setembro de 2007

Escola não motiva e perde alunos



Francisco Carlos de Mattos*

"O Inep/MEC elaborou um estudo para entender as principais razões que levaram 1,7 milhão de jovens entre 15 e 17 anos (16% do total) a não estudar em 2005. Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE, a pesquisa revela que: 1) três em cada quatro desses jovens (75%) não completaram o Ensino Fundamental, mas a maioria (68%) chegou até a 5ª série;
2) ter tido filho diminui a probabilidade de a jovem estudar. Entre as que freqüentam a escola, apenas 1,6% é mãe, percentual que sobe para 28,8% entre as que estão fora; 3) mais do que a falta de vagas, de transporte ou mesmo a necessidade de trabalhar, é a falta de vontade de estudar que os empurra para fora do sistema de ensino. Essa razão foi identificada em 40,4% dos casos entre os que não estão em sala de aula. A necessidade de trabalhar vem depois (17,1%).
A primeira observação indica que o problema da evasão está concentrado entre a 5ª e a 8ª série do Ensino Fundamental. A segunda mostra que a fecundidade precoce tem impacto significativo na desistência de muitas meninas. Já a terceira sugere que, se a escola não for atraente e fizer algum sentido ao jovem, ele vai abandoná-la mesmo que suas chances no mercado de trabalho sejam nulas ou pouco convidativas. Prova disso é que, desse 1,7 milhão de jovens fora da escola, 43,4%, ou 740 mil, não trabalham nem sequer estão procurando emprego. Mesmo quando conseguem achar um trabalho (caso de 44% dos que não estudam mais), no entanto, trata-se de emprego precário, já que apenas 8% do total de jovens fora da escola trabalhando tem Carteira assinada".
(Fonte: Folha de S. Paulo) – 10/01/2006
http://www.educarede.org.br/educa/html/index_revista_prov.cfm?conteudo=rapidinhas

Entreabrindo a porta
Se já não bastassem as inúmeras pesquisas que há muito vem denunciando esse estado deplorável, principalmente, do ensino público no Brasil, o INEP/MEC aí está para contribuir com a grita, que é geral.
Hoje, diferentemente de algumas épocas não tão distantes (pelo menos até onde a memória possa alcançar), a constatação a que se chegou, explicitada no terceiro item, é de que os nossos jovens não têm perspectivas de futuro. Tal problema, em tempos idos, já existia, mas com um ímpeto mais abrandado, respeitando-se, evidentemente, a época histórica e o que “rolava” naqueles tempos.
Alguns problemas foram apontados, resta detectar as causas para não se cair no lugar comum da discussão sobre a violência urbana, sem definir o que a provoca, com as defesas acaloradas da pena de morte. Esse problema tem como fundamento maior o mesmo que a política das ervas daninhas: corta-se o capim na superfície, deixa-se a raiz e elas, novamente, se proliferam.
Uma das muitas causas está na formação acadêmica do professor e, especificamente, na parte que tange à sua preparação didático-pedagógica. Não que se queira defender a tese de que a Didática e/ou a Pedagogia tenham respostas para tudo no que se refere à educação. Já não se cai mais nessa falácia, nessa inocência, nesse canto da sereia. Elas podem até definir alguns caminhos, mas a formação do educador, do verdadeiro educador, vai além disso. Fávero (1981, p. 13), nesta perspectiva, sustenta que

Não é simplesmente freqüentando um Curso de Pedagogia, fazendo Mestrado ou Doutorado em Educação, que alguém se torna educador. É, sobretudo, num comprometer-se profundo, como construtor, organizador e pensador permanente do trabalho educativo, que o educador se educa.

Pode-se até arriscar o palpite de que os cursos citados por Fávero têm menos problemas do que os outros que visam a preparação para o magistério. Nos vários cursos de Licenciaturas, e aqui pode-se citar como exemplos, com bases em experiência de dez anos de docência da disciplina Didática, os cursos de Biologia, Letras, Matemática e Geografia, a questão é mais complicada, pois, analisando as matrizes curriculares dos mesmos, constata-se uma desproporcionalidade gritante de disciplinas específicas aos cursos em comparação às da formação pedagógica. Seria, hoje, respeitando-se o sistema de semestralidade, uma relação tipo 4 por 2, ou seja, quatro períodos para disciplinas específicas e, somente, dois para as pedagógicas. Aí, de alguma maneira, reside a complicação que dificulta o comprometimento político com as causas educativas, incluindo a carência de respaldos filosófico e humano.
Há a necessidade de que na formação acadêmica do educador seja inserida a reflexão constante de quem sejam os elementos que compõem o processo educativo e quais sejam as suas funções e as suas importâncias nesse contexto. Demo (2004: 74), apregoa que

o aluno não vem para a escola escutar aula. Vem para reconstruir conhecimento e arquitetar sua cidadania integral (corporal, emocional e espiritual). Sala de aula é, antes de tudo, ambiente de estudo e pesquisa, pela razão simples de que pesquisa é o ambiente de aprendizagem.

Dificilmente encontra-se alguma instituição de educação superior, que provoque o desejo da pesquisa, que a veja e a tenha como elemento curricular, assim como também professores que sejam incentivadores dessa prática. Só pode ensinar a importância da pesquisa na reconstrução do conhecimento, aquele que aprendeu a aprender sobre a influência dela nesse campo, tal qual só pode ensinar sobre cidadania, quem cidadão for.

Encostando a porta
Ações urgentes precisam ser implementadas a fim de que as soluções possam aparecer. Essas não podem nem devem nascer nos gabinetes refrigerados dos poderes (político-educativo e/ou econômico). Há que se privilegiar o bom senso democrático no sentido de se consultar as bases ou provocá-las para o debate. Que, a título de sugestão, cada unidade escolar reflita sobre a quantas anda a formação acadêmica dos professores por eles próprios. Já afirmaram, que uma grande caminhada começa com o primeiro passo. Só não se pode cair no mesmo ritmo dos alunos, na mesma falta de vontade. Se o professor precisa levar o aluno a aprender a aprender, antes, deveria, ele,enquanto exemplo, tê-lo feito. Fez? Faz?

Referências Bibliográficas
DEMO, Pedro. Ser professor é cuidar que o aluno aprenda. – Porto Alegre: Mediação, 2004.
FÁVERO, M. L. Sobre a formação do educador - a formação do educador:desafios e perspectivas. Rio de Janeiro: PUC/RJ, 1981. (Série Estudos).
________________
* Mestre em Educação pela UERJ, professor do ensino médio e Orientador Educacional da Rede Pública Municipal de Cabo Frio, professor de Didática Geral e PPE I da Faculdade da Região dos Lagos (de 1996 a 2006) e de Educação e Trabalho, Educação e Movimentos Sociais e Avaliação Institucional, Gestão da Unidade Escolar I e II e TCC no curso de Pedagogia, da Faculdade de Educação Silva Serpa, no Município de São Pedro da Aldeia. E-mail: okkyxmattos@gmail.com, chikomattos@ibest.com.br.

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